É em um salão de cabeleireiro que a diversidade aflora em todo o seu esplendor, não importa em que bairro, não importa a classe social dos clientes...
É o local escolhido para a terapia nossa de cada dia, as pessoas falam e falam sem parar esquecendo até de usar o bom senso entre uma vírgula e outra, expondo tudo o que há de extraordinário e extra ordinário em suas vidas.
Vou com certa freqüência e sempre me supreendo com o que escuto por lá, rola de tudo: vida sexual bizarra, conquistas, rotina familiar, trabalho...
Uma em particular me chamou a atenção, não que as outras percam em esquisitice, mas essa é peculiar...
Uma cliente estava contando o final de semana que passara à manicure e a minha cadeira estava ao lado, eu também conversava com a minha manicure enquanto folheava uma revista de moda ou coisa parecida...
Eu comecei a prestar atenção na história da colega de salão quando ouvi "fiquei irada", parei de dar atenção à minha manicure e fingi estar lendo a minha revista com muito interesse... E continuando a história...
"Ele começou a trabalhar há pouco tempo na empresa, vive chegando atrasado, vira e mexe aparece com alguns objetos que a empresa descarta, atulhando o quarto de brincar das crianças e sempre diz que é por pouco tempo que logo vai encontrar quem compre aquelas coisas..."
Eu pensei, como alguém tem coragem de contar essas coisas para uma estranha, pelo menos eu acho que era. E continuou...
"Eu fui tentar arrumar a bagunça e comecei a abrir as sacolas, tinha toca-fitas, teclados de computador, caixas de som... Por que ele traz essas coisas velhas que jogaram no lixo para casa?"
Bem, eu não sei o final porque a manicure terminou e a cliente foi lavar o cabelo, eu olhei para a manicure à minha frente e comecei a rir, perguntei se era sempre assim, ela respondeu que elas ouviam cada coisa...
Eu fiquei pensando... O pior cego é aquele que não quer ver...
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